Bota x Fla: um clássico contaminado por rivalidade e trapalhadas internas

domingo, 9 de novembro de 2008


Na reta final do Brasileirão, equipes sofrem com dirigentes que falam demais e alimentam motivações diferentes na competição

Seja dentro ou fora de campo, a competitividade entreBotafogo e Flamengo se acirrou neste ano. Os seis jogos disputados até agora foram de grande rivalidade, e o último confronto de 2008 não será diferente. Neste domingo, no Maracanã, do lado alvinegro estará a vontade de não cair diante daquele que tornou-se o seu maior adversário, além da tentativa de terminar oCampeonato Brasileiro na melhor colocação desde 1995, quando foi campeão. No Rubro-Negro, sob pressão, a luta é para voltar ao G-4 e continuar na disputa por uma vaga na Libertadores de 2009 e, remotamente, manter viva a chama do título. 

O Premiére transmite a partida, válida pela 34ª rodada, ao vivo para todo o Brasil, e o GLOBOESPORTE.COM acompanha em Tempo Real, a partir das 19h10m. 

Mais do que rivais dentro de campo, as duas equipes parecem concorrer também quando o assunto é interferências externas. Se Carlos Augusto Montenegro afirmou que o problema do time alvinegro é “falta de qualidade”, Marcio Braga também deu sua colaboração ao dizer que a equipe da Gávea “não parte para dentro” nos momentos decisivos.

Massacrados até por quem deveria apoiá-los, os jogadores também convivem com a falta de pagamento. Neste quesito, o Fla foi mais rápido e deu um “doping financeiro” visando ao clássico, quitando os salários de setembro na quinta-feira. Do lado alvinegro, os comentários sobre uma debandada no fim do ano por causa dos quase três meses de inadimplência carregam ainda mais o ambiente, embora a diretoria tenha avisado aos jogadores que pretende pagar pelo menos um mês dos vencimentos na próxima terça-feira. 

O Botafogo ocupa a sexta posição no Brasileirão, com 49 pontos, mas a distância de nove pontos para o G-4 deixa a equipe com remotas chances de terminar a competição na zona de classificação para a Libertadores. Por isso, em General Severiano se fala mais em fechar o ano com 
dignidade e, claro, não perder para o grande rival. Aliás, o Alvinegro ainda não venceu clássicos cariocas nesta competição. Foram cinco empates em cinco partidas. 

O Flamengo tem mais ambições neste domingo. Na quinta posição e a apenas um ponto do Cruzeiro, quarto lugar, a equipe comandada por Caio Júnior sabe que não pode mais vacilar, principalmente no Maracanã, onde na última rodada ficou no empate em 2 a 2 com a Portuguesa. Por isso, o sonho mais palatável - chegar à Libertadores de 2009 - passa pela vitória no clássico. Embora a distância de cinco pontos para o líder São Paulo faça com que as chances de título sejam uma realidade.

- Quando não for mais possível ganharmos o título, serei o primeiro a falar. Por enquanto, ainda acreditamos - diz o capitão Fábio Luciano, puxando o fio da esperança rubro-negra. 

Polêmicas

No ano em que o confronto entre Botafogo e Flamengo foi cercado de polêmicas, o último clássico de 2009 vem cheio delas. A começar pelo local da partida. Inicialmente marcado para o Engenhão, já que o mando de campo é do Alvinegro, o jogo foi transferido para o Maracanã por ordem da CBF. A organizadora do Brasileirão baseou-se num laudo da Polícia Militar, que atestava falta de segurança caso o confronto ocorresse no estádio do mandante. 

A decisão revoltou os botafoguenses, mas a tentativa agora é de diminuir os prejuízos. Por isso, a diretoria alvinegra decidiu não limitar a carga de ingressos aos torcedores do Flamengo para obter uma renda extra. A vontade é usar a verba para pagar os salários dos jogadores. Porém, a idéia pode ser inútil. Os recentes tropeços do Rubro-Negro diminuíram consideravelmente a procura por ingressos. 

- Conversei com o nosso coordenador de arrecadação, e ele passou que a expectativa de público não é boa. Gostaria de pedir que a torcida compareça, porque sem ela não somos nada e precisamos deste apoio na reta final - declara o vice-presidente de futebol do Fla, Kleber Leite. 

Além disso, a CBF sorteou Marcelo de Lima Henrique como o árbitro da partida. Foi exatamente ele quem apitou a confusa final da Taça Guanabara, quando os alvinegros se revoltaram com um pênalti de Ferrero em Fábio Luciano, acusando o juiz de comportamento desrespeitoso e arrogante em campo. Marcelo revidou e acusou os atletas alvinegros de tê-lo xingado. Ao fim da partida, ficaram marcantes as imagens do grupo do Botafogo chorando em campo e no vestiário. O volante Túlio, que retorna ao time nesta rodada, foi um dos grandes protagonistas da cena apelidada de "chororô". 

Preocupado com a pressão sobre o juiz, Kleber Leite pediu à comissão de arbitragem que trocasse a escala do clássico. Não conseguiu.

- Quem entende de futebol sabe que houve pênalti naquele lance. Mas nós não temos autonomia para decidir arbitragem - declara Fábio Luciano. 

Ney Franco não participou da decisão da Taça Guanabara, por isso prefere acreditar que a presença de Marcelo de Lima Henrique não será prejudicial a qualquer um dos times. 

- Não vejo perseguição ao Botafogo, que é um clube simpático. Acho que o árbitro conseguirá levar bem a partida. Nossa equipe vem sofrendo com alguns erros ultimamente, mas espero que o juiz não favoreça ninguém. 

No entanto, o Botafogo aparentemente entra no jogo com o espírito mais desarmado do que em outras ocasiões. Não existe a responsabilidade de uma decisão, mas o grupo reafirma o compromisso com a vitória no clássico, como forma de ajudar a equipe a terminar a competição numa posição honrosa. Depois de 1995, quando foi campeão, o Alvinegro conseguiu no máximo um nono lugar (em 2005 e 2007). Resta saber como a equipe reagirá à eliminação na Copa Sul-Americana para o Estudiantes, na última quarta-feira. 

Os times

Ney Franco não poderá contar com Alessandro e Wellington Paulista. O lateral-direito tem um estiramento na coxa, e o atacante sofreu uma lesão na clavícula que deve tirá-lo do restante do campeonato. Com isso, Fábio deverá ser o companheiro de Jorge Henrique na frente. Renato Silva e Túlio, que foram poupados da partida contra o Atlético-MG, voltam à equipe. O treinador ainda testou uma formação com Lucas Silva na lateral direita e Eduardo na esquerda, mas afirma que não fará muitas modificações. 

O Flamengo tem dois desfalques por suspensão: Obina e Everton. No lugar do atacante, Caio Júnior apostou no argentino Maxi. O treinador também fez duas modificações táticas: trocou Toró por Aírton, e Kleberson por Sambueza. Com dores na coxa direita, Leo Moura está  vetado e será substituído por Luizinho.

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Oh meu mengão eu gosto de você